Articles

12 Fatos Inocuosos Sobre Jonas Salk

Poliomielite, uma doença infecciosa potencialmente fatal que paralisava permanentemente tanto crianças como adultos, foi em tempos um problema grave nos Estados Unidos. O Presidente Franklin Delano Roosevelt foi paralisado devido à poliomielite, e quase 60.000 americanos foram infectados com a pólio em 1952. A doença inspirou o medo porque não havia uma forma óbvia de o prevenir, e atingiu milhares de crianças. Em 1955, porém, o virologista Jonas Salk tornou-se um herói mundial quando desenvolveu a primeira vacina eficaz contra a poliomielite. Eis uma dúzia de factos sobre Salk, o Pai da Biofilosofia.

1. O SEU PAI ERA UM DESIGNER DE VESTUÁRIO COM EDUCAÇÃO LIMITADA.

O pai de Salk, Daniel, era filho de imigrantes judeus que vieram para a América vindos da Europa Oriental. Daniel formou-se na escola primária mas não no liceu, e trabalhou na indústria do vestuário como designer de blusas femininas. A mãe de Salk, Dora, deixou a Rússia para os Estados Unidos em 1901 e não teve qualquer educação. Devido à sua instrução limitada, os pais de Salk encorajaram-no e aos seus dois irmãos mais novos a prosseguirem os seus estudos e a avançarem no mundo.

2. ELE PLANEJOU SER LEGAL E SERVIR EM CONGRESSO.

Numa entrevista de 1991 com a Academia de Realizações, Salk revelou que não estava interessado na ciência quando criança. Entrou para a faculdade como estudante de pré-direito, esperando um dia ser eleito para o Congresso. A razão pela qual ele mudou de pré-direito para pré-médico? “A minha mãe achava que eu não seria um bom advogado. E acredito que as razões dela eram que eu não podia realmente ganhar uma discussão com ela”, explicou ele.

3. ELE FOI REJEITADO DE MÚLTIPLOS LABS APÓS ESCOLA MÉDICA.

Depois de se formar na faculdade de medicina da Universidade de Nova Iorque e de completar a sua formação de residência, Salk aplicou-se a laboratórios para trabalhar em investigação médica. Em vez de tratar os pacientes como médico praticante, Salk esperava trabalhar na vacina da gripe, uma área de investigação que começou a estudar na faculdade de medicina. Embora tenha sido rejeitado em múltiplos laboratórios, talvez devido a quotas que discriminavam os judeus, Salk não desanimou. “A minha atitude foi sempre a de manter-me aberto, de continuar a fazer o scanning. Penso que é assim que as coisas funcionam na natureza. Muitas pessoas são de mente fechada, rígidas, e essa não é a minha inclinação”, revelou ele na sua entrevista à Academy of Achievement.

4. THE MARCH OF DIMES FOUNDATION FUNDED HISEARCH.

Salk trabalhou na vacina contra a gripe na Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan até 1947, quando começou a dirigir um laboratório na Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh. No ano seguinte, começou a trabalhar num projecto para a National Foundation for Infantile Paralysis (mais tarde rebaptizada March of Dimes Foundation) para investigar os diferentes tipos de poliomielite. Roosevelt criou a fundação em 1938 para ajudar outros americanos que sofriam de poliomielite, e a fundação financiou muitas pesquisas e ensaios de vacinas contra a poliomielite, incluindo Salk’s.

5. TESTOU A VACINA DA Pólio NA SUA PRÓPRIA FAMÍLIA.

No início da década de 1950, Salk testou a vacina contra a poliomielite que desenvolveu em macacos, crianças em Pittsburgh, e ele próprio. Acreditando firmemente na segurança e eficácia da sua vacina, Salk injectou também a sua esposa, Donna, e os seus três filhos na cozinha da família, utilizando seringas que tinha fervido no fogão. Em 1953, Salk publicou os resultados preliminares dos seus testes em humanos no Journal of the American Medical Association. Em Junho de 1954, 1,8 milhões de crianças e adultos, apelidados de pioneiros da poliomielite, tinham-se voluntariado para serem injectados com a vacina de Salk (ou um placebo) num ensaio em dupla ocultação, patrocinado pela Marcha de Dimes. E a 12 de Abril de 1955, a vacina de Salk foi licenciada. Em Ann Arbor, Michigan, os media noticiaram que o ensaio nacional de Salk foi um sucesso, e multidões de pessoas extasiadas celebraram a notícia.

6. OUTROS CIENTISTAS CRITICIZARAM A SUA NOVA ABORDAGEM A VACINAS.

Apesar de Salk ter sido elogiado como um salvador e herói internacional, alguns dos seus colegas cientistas não sentiram o amor. O cientista polaco-americano Albert Sabin criticou Salk em voz alta, chamando-lhe químico de cozinha e tentando desacreditar a sua escolha de usar um vírus da poliomielite morto (em vez de um vivo ou enfraquecido) na sua vacina. Sabin, assim como muitos dos contemporâneos de Salk, acreditavam incorrectamente que um vírus morto não imunizaria adequadamente o doente. Além disso, uma vacina que utilizasse um vírus enfraquecido da poliomielite poderia realmente infectar o paciente com a pólio, e Salk não queria correr esse risco. Outros cientistas ressentiram-se por Salk ter tido sucesso fora do estabelecimento médico e por ter recebido todos os elogios quando era apenas um dos muitos investigadores a trabalhar na poliomielite.

Em 1962, Sabin introduziu uma vacina oral (cubo de açúcar) contra a poliomielite que continha um vírus vivo (e não morto), e o governo dos EUA começou a usar a vacina de Sabin em vez da de Salk porque era mais barata e ainda eficaz. Hoje, uma versão reformulada da vacina de Salk é usada na maior parte do mundo (excepto em partes de África e do Médio Oriente onde a poliomielite ainda é um problema, e onde a vacina de Sabin é usada).

7. O ELE NÃO QUISERA ARQUIVAR UMA PATENTE PARA A VACINA DA POLIO.

Getty

Salk não lucrou directamente com a sua vacina contra a poliomielite porque não registou uma patente para a mesma. Quando um jornalista lhe perguntou quem era o proprietário da patente, Salk respondeu: “O povo, diria eu. Não há patente. Poderia patentear o sol?” Salk opôs-se alegadamente à propriedade da patente porque milhões de americanos tinham doado dinheiro à Marcha de Dimes, na esperança de ajudar a erradicar a poliomielite. Mas de acordo com a lei de patentes dos EUA, a vacina não era suficientemente nova para ser patenteável, por isso alguns estudiosos criticam Salk por se apresentar como pessoa altruísta quando provavelmente estava ciente de que a vacina não podia ser patenteada. A Forbes estima que se tivesse sido proprietário da patente, Salk poderia ter ganho 7 biliões de dólares.

8. DESCUBRAVA SER UMA FIGURA PÚBLICA.

Embora Salk rapidamente se tenha tornado um herói mundial, não gostava de perder o seu anonimato e de ganhar as responsabilidades que lhe advinham de ser uma figura pública. “Senti-me muito como alguém no olho de um furacão, porque toda esta agitação estava a acontecer à minha volta. Foi nesse momento que tudo mudou”, Salk lembrou-se de se tornar uma celebridade da noite para o dia. Alguns cientistas criticaram-no por monopolizar os holofotes dos media internacionais, e a Academia Nacional das Ciências e o Comité do Prémio Nobel ignoraram-no, talvez porque ele tinha alcançado sucesso enquanto trabalhava fora do estabelecimento científico.

9. ELE ERA O ESTEPATHER DAS CRIANÇAS DE PABLO PICASSO.

Em 1970, Salk casou com Françoise Gilot, uma artista francesa que teve dois filhos, Claude e Paloma, com Pablo Picasso. Numa entrevista em 1980, Paloma recordou o medo que as pessoas tinham da poliomielite, e que quando criança, não visitou a casa do seu pai no Sul de França devido a um surto de poliomielite. Ela também revelou que se dava bem com o seu padrasto: “Ele é muito querido. Ele é uma pessoa maravilhosa”, disse ela. Após a sua morte em 1995, Gilot continuou o legado do seu falecido marido, trabalhando no Salk Institute for Biological Studies.

10. TENTOU DESENVOLVER CURSOS DE CÂNCER E SIDA.

Após Salk ter desenvolvido a vacina contra a poliomielite, tentou desenvolver vacinas contra o cancro, a SIDA, e a esclerose múltipla. Apesar de não ter tido êxito, patenteou a Remune, uma vacina contra a SIDA para retardar a progressão do VIH para a SIDA. Em 2001, seis anos após a morte de Salk, a Pfizer deixou de financiar ensaios clínicos para a Remune devido à falta de provas de que funcionava.

11. ELE GRAVOU UM LIVRO DE LIVROS SOBRE A CIÊNCIA E FILOSOFIA.

A partir dos anos 70 e 80, Salk escreveu livros sobre ciência, filosofia, e humanidade. Em The Survival of the Wisest, Salk aplicou as ideias de Charles Darwin sobre a sobrevivência dos mais aptos à necessidade de a humanidade ser educada e ter conhecimento. E em A População Mundial e os Valores Humanos: Uma Nova Realidade, ele e o seu filho psiquiatra, Dr. Jonathan Salk, discutiram a interacção entre o crescimento da população mundial e os valores humanos.

h12. O INSTITUTO DE SALK PARA ESTUDOS BIOLÓGICOS CONTINUA O SEU TRABALHO.

Em 1963, o Instituto Salk para Estudos Biológicos abriu em La Jolla, Califórnia. Embora Salk tenha alegadamente lutado para gerir o lado empresarial do instituto, obteve financiamento da Fundação March of Dimes e recrutou cientistas vencedores do Prémio Nobel para investigar os aspectos biológicos do cancro, SIDA, diabetes, e esclerose múltipla. Concebido pelo arquitecto Louis Kahn, o instituto continua a servir como centro de investigação em imunologia, neurociência, e genética.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *