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Coceira anal | Farmácia Profissional

Tratamento sintomático

Este pequeno artigo analisa as possíveis causas da comichão anal, cujas condições podem ser um sintoma, e as opções de tratamento para eliminá-la ou aliviá-la.

Comichão anal ou prurido é a sensação de comichão da pele em torno do ânus. Com o tempo pode também espalhar-se para a vulva ou o escroto. É mais comum nos homens. A comichão é pior à noite e o alívio proporcionado pelo coçar é apenas temporário.

Não é uma doença mas sim um sintoma e por isso, sempre que possível, o tratamento deve ser direccionado para a causa desencadeante.

Por que ocorre a comichão?

O denominador comum, na maioria dos pacientes, parece ser a fuga inaparente de matéria fecal para a pele perianal. Isto pode ser causado por um reflexo inibitório rectal (relaxamento do esfíncter) que é activado num limiar muito baixo ou por hipotonia do esfíncter anal interno.

O pH (ácido) da pele perianal é alterado pela alcalinização causada pela matéria fecal, para além do efeito irritante das bactérias fecais. Também contribuem para a comichão, em alguns pacientes, a transpiração excessiva da área, a falta de limpeza, ou limpeza exagerada, e o uso de sabão que não respeita o pH da área.

CAUSES DE PICOR ANAL

Em metade dos casos a causa é desconhecida. Entre as causas conhecidas, são descritas as seguintes:

Doenças anorretais: fístula anal e fissura (fig. 1), condilomas, hemorróidas (fig. 2), mariscos cutâneos residuais (hemorróidas secas, que sofreram transformação fibrosa) ou hidradenite supurativa.

Fig. 1. Fissura anal aguda (no centro da imagem, em forma de diamante)

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Fig Esquema de hemorróidas, internas e externas

Doenças neoplásicas, como o carcinoma escamoso da margem anal e a doença de Paget da região perianal.

Doenças dermatológicas: psoríase, dermatite seborreica, líquen plano e eczema atópico.

Dermatite de contacto: de desodorizantes, talco, sabonetes e medicamentos tópicos com anestésicos.

Infecções, especialmente infecções fúngicas (candidíase).

Parasitas: minhocas de alfinete (fig. 3), tricomonas, Sarcoptes scabiei (sarna) e pediculose púbica.

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p>Fig. 3), ovo de pinhop> antibióticos orais de espectro alargado, particularmente tetraciclina e eritromicina.

Doenças sistémicas: diabetes mellitus, colestase crónica, diarreia crónica.

Diet: certos alimentos (citrinos, tomate, chocolate), especiarias (quentes) e bebidas (café, chá, cerveja e bebidas de cola).

Psicogénica: ansiedade, neurose, psicose maníaca.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito a partir de um interrogatório exaustivo, pelo qual o médico tenta identificar todos os factores causais possíveis, e um bom exame físico não só da região perianal, a fim de detectar a presença de qualquer das patologias, locais ou sistémicas, referidas.

Na maioria dos casos, o exame da região anal e perianal é normal. Noutros casos, a pele à volta do ânus é vermelha, inchada, escoriada e húmida. Em todos os pacientes o médico realizará um exame rectal digital, anuscopia e rectoscopia para excluir patologia anorrectal.

Ocasionalmente, poderá ser necessária biopsia cutânea para excluir patologia específica. Outros testes complementares não são normalmente indicados.

TREATAMENTO

Em geral, o tratamento da comichão anal é geralmente sintomático, usando medidas de higiene e dieta:

Todos os antibióticos e quaisquer cremes ou pomadas que estejam a ser aplicados na área devem ser descontinuados.

As unhas dos dedos devem ser cortadas e deve ser evitado arranhar.

Alimentos e bebidas devem ser evitados.

Todos os laxantes devem ser descontinuados. Se a obstipação estiver presente, é aconselhável aumentar a ingestão de fibras na dieta (farelo de trigo, frutas, vegetais), a fim de aumentar a massa fecal e assim garantir uma evacuação satisfatória.

Após a defecação, recomenda-se um banho de sitz em água quente, utilizando uma pequena quantidade de sabão neutro (pH 5,5). Os toalhetes húmidos concebidos para este fim também podem ser úteis. Depois, a área deve ser suavemente seca (sem arranhar) com papel macio ou uma toalha limpa e seca. Um pouco de vaselina neutra, azeite ou uma loção lubrificante numa base emoliente com acetato de alumínio pode então ser aplicada. Também se pode polvilhar algum pó de talco simples.

Tratamento tópico com creme corticosteróide, sem anestesia, durante até duas semanas, e algum creme à base de óxido de zinco, 2 ou 3 vezes por dia (após movimentos intestinais) pode dar bons resultados.

Em casos específicos (fungo, eczema, psoríase, dermatite) será o dermatologista que indicará o tratamento mais apropriado.

Se houver “vermes” ou oxiúriasis pode ser tratado com pamoato de pyrvinium, pamoato de pyrantel ou mebendazol.

Em casos de prurido anal idiopático rebelde a todos os tratamentos a capsaicina tópica mostrou bons resultados.

BIBLIOGRAFIA GERAL

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